segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Dormente...

Nossa...juro que estou com muito medo desse tal futuro.
Às vezes entro no Orkut e/ou  Facebook e tem alguém querendo me adicionar, da minha turma da 7ª série, do 3º ano e já fico em parafuso; dá vontade de não aceitá-los, mas aí relembro nossos momentos de outrora e relevo. Vou espiar seus perfis e fico paranóica.
Evito olhar as atualizações desse povo, porque vejo o quanto o pessoal da "minha época" evoluiu e eu não consegui evoluir o tanto quanto deveria.
Albuns dos filhos...das viagens...frases : "Passei no concurso!"
Revejo as fotos deles antigas e as atuais e me deixa em pânico. Se eles estão velhos assim, eu não também não estou diferente. Gente...eu envelheci...e olhar-me no espelho torna-se mais difícil.










Estou sentindo-me como uma semente que ainda não quebrou a sua dormência. Os pensamentos se embaralham. Não me reconheço mais. Sou alguém estranho à minha própria natureza.
Tento incutir a letra da música "Filtro solar", mas ela não se adere ao meu pensamento.
Reencontrar-me com esse povo é uma tortura. Ultimamente estou inventando viagens nos dias dos encontros só para não vê-los. As conversas são diferentes. É um povo cheio de compromissos, de problemas mais elaborados. E a minha vidinha torna-se medíocre. Sem muita emoção se comparada à deles. E acabo sentindo-me uma idiota primária sem graça. O que eu poderia contar de interessante? Não sei. Eles não têm tempo pra muita coisa. E eu tenho tempo de sobra. Isso está me transformando em uma criatura que eu não gostaria de ser. Estou ficando amarga, menos gentil e mais intolerante. Estou perdendo a vontade de estar perto das pessoas que amo, com medo do estrago que eu possa fazer; pelo simples fato de estar por perto. Espero melhorar porque nem eu mesma me aguento mais.




                                                          

sábado, 25 de dezembro de 2010

Nem sei se existe...

Hoje foi o dia de reassistir alguns de meus filmes favoritos..
E cada vez que os assisto, identifico-me com as personagens. Fico imaginando e querendo que minha vida seja igual a essas comédias românticas.


Senti uma saudade imensa de alguém que nem eu mesma sei se existe. Dizem que em algum lugar do mundo alguém nos espera. Se não nos conhece ainda, o universo conspira a favor e um dia a gente se encontra. Hoje eu senti um medo tão grande...e se essa pessoa que eu tanto espero tiver morrido?Aí eu nunca saberei quem ela seja? Queria poder sonhar com ela, ver o seu rosto pelo menos uma vez na vida. Senti um desespero, um vazio. Espero que hoje não tenha sido o enterro dela e eu esteja sentindo todo esse pesar, essa sensação de estar sozinha; apesar de ter várias pessoas ao meu redor.












Não sei se é loucura...mas hoje eu precisei demais de você. Achei que nunca precisaria de alguém pra me sentir completa, mas você fez falta e ninguém conseguiu preencher esse vazio. Meditei bastante, mas nenhum som que me remetesse à você ecoou no meu espírito...venha depressa, não sei se suportarei essa espera infinita.














Penso no futuro. Penso em conhecer o mundo, mas não queria conhecê-lo sozinha! Meus amigos têm suas companhias e às vezes sinto necessidade em ter alguém também. Meu amor, aonde quer que você esteja venha logo...e se não fizer mais parte desse plano, apareça em meus sonhos...




...preciso saber aonde você está.










segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Orgulho de ser Veterinário

         Quando pergunto a alguns amigos veterinários sobre o que eles queriam ser desde criancinha, eles dizem: ''VETERINÁRIO''. Eu sou diferente, eu queria ser Pediatra, mas com a vinda da minha sobrinha, que destruía o meu quarto eu tratei logo de mudar de especialização, queria ser Oncologista.

 Tentei vestibular para Medicina inúmeras vezes e nada: UFC,UFMA,UFPA,UFPE,UESPI,UFPI,UFRN...
  Só que desde que tentei vestibular pela primeira vez havia passado em Veterinária, mas achava que não queria. Cursei 2 disciplinas e executava o trancamento nos semestres subseqüentes. Depois de muito sofrer em cursinhos e brigas com a minha auto-estima sempre que levava bomba no vestibular, resolvi voltar pra Veterinária.

       Retornei e tratei logo de arranjar um estágio na clínica da faculdade, queria logo ver como teria sido na Medicina. Muita adrenalina, querendo ajudar a tudo e a todos; amenizar a dor dos pacientes, queria ser a melhor estagiária! Só que foi meio desastroso porque sempre que vinha uma emergência, tipo animal atropelado ou alguma mazela no mesmo prisma eu chorava mais que os donos dos bichos e uma vez passei mal na frente do proprietário, foi ridículo. Depois de algumas tentativas decidi mudar de área, a Veterinária nos dá um leque de opções e não me desesperei; mas foi bom porque percebi que Medicina não era minha escolha correta, ainda bem que não havia passado.

       Interessei-me por um estágio em um laboratório de Microbiologia de Alimentos, mas nunca dera certo; atualmente, entendo o porquê. Tive que mudar meu projeto de Especialização porque odiei trabalhar com as bactérias do mal.

      Fui para o Laboratório de Reprodução de Carnívoros aonde conheci pessoas inesquecíveis, apesar de gostar de lá, ainda não era o que queria e no último semestre descobri a minha paixão por inspeção e vigilância sanitária de alimentos.

       Durante o estágio no LRC trabalhei com comportamento animal e ajudei nas cirurgias, apesar de ter medo e sempre achar que iria com minha força deslocar todos os órgãos dos animais.
 Gabriel sempre falava: - Vou voltar pro Rio de Janeiro e você será "expert" em cirurgias, criatura de Deus!Perdão amigo, mas não. Não mesmo!

     Pois é, isso tudo pra começar a história de hoje. As palavras seguintes serão do Dr. Jr Jr., porque nesse foco narrativo eu simplesmente estava fora de órbita...

     "Quem pensa que abandono é uma palavra aplicada ao meio humano, engana-se. Animais são vítimas desse contexto todos os dias.

       Então é aí que começa a história de Branquinha, cadela SRD (sem raça definida) que em 4 dias tentando parir seus  filhotes,    teve a sorte de passar das mãos de um dono desleixado para um atencioso.

    Mas como tudo é uma linha tênue, o novo dono não tinha como pagar a cirurgia.

    Lá vão eles em busca de uma solução e só escutam nas clínicas o triste e amargo valor da  mesma: 350,00R$.

   Acabam encontrando a Unidade Hospitalar Veterinária da UECE e diante da lotação com pacientes na fila de espera, Branquinha é repassada para outro dia. Uma possibilidade remota!

   A professora do Laboratório de Virologia se comove com a situação e tenta encontrar uma saída.  Surgindo assim, o  Laboratório de Reprodução de Carnívoros, mas a solução novamente se perde pois não tinha nenhuma das pessoas da cirurgia lá. Então, eu, Jr. Jr. mestrando sem noção do Ananas comosus, vulgo ABACAXI, me disponho a fazer junto com a minha  companheira de aventuras também sem noção, pois cirurgia não é da nossa rotina. Apesar de sermos veterinários e termos passado pela cadeira de cirurgia.

    Arrumamos a sala, anestesiamos a cadela e quando adentramos a cavidade abdominal observamos um fato estranho, mas ninguém comentava, o que seria hein? O silêncio se fez na sala... Além do fato do filhote estar na cérvix e na parte inicial do corpo do útero, vulgo: Tá atravessado mesmo o bichinho. Já estava morto e nada podemos fazer e o momento fatídico com direito a jargões que ficarão na história e como no Brasil tudo vira letra de música, não se espantem se esse virar.

        -  Dra. Dadá vamos fazer a parte do corpo uterino, quer fazer?
        -  Claro!

       E começaram as suturas. Fico pensando como seria descrever uma sutura, acho que seria como num jogo de futebol. A agulha passa pelo vaso, penetra, dá uma volta e o contorna, faz um duplo carpado seguido de duas piruetas, cada uma em sentido contrário e é suturaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaado o corpo.

      Ufa!  Sim. É importante lembrar que não existiam apenas esses 3 personagens, lá estavam uma bióloga que foi inocentemente ajudar e num passe de mágica ela irá desaparecerar num dado momento da história.  E também uma outra Dra. chegada à vigilância sanitária de alimentos, a mentora da organização da sala cirúrgica e do correr da carruagem.

       Mas continuando...suturado o útero a Dra. Dadá expressa-se:
        - Pronto, pode cortar???
       Pessoal, são colocadas pinças presas aos fios de sutura assim como o corpo do útero também  é pinçado...
       - Pode, vai lá...

     Um minuto de silêncio e corta-se o útero e os nós se desfazem e apenas uma humilde pinça fica e um som ecoa e toma conta do ambiente cirúrgico:
 “VAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAALHA ME DEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEUS!!!”

           Era como no massacre da serra elétrica, sem a serra é claro, a hemorragia toma conta...
       O sangue jorrava, fazendo uma analogia, como os aspersores da UECE num começo de dia e    penso : PPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPQP


   Sangue do vaso sanguíneo espirrando na sala, um horror!

        E começa a luta contra o tempo e a cadela retornando , como pude esquecer, a coitada quase retornou a si, mas foi tomada pelos repiques anestésicos e eu pinço ali e acolá, e Dra Dadá olha várias vezes para a Dra. em alimentos  com uma cara de fome, misturada com um assalto acompanhado de uma surra, em um dia de domingo. E a Dra. Renna Roberts faz aquela cara de paisagem, como se tivesse fugido dali, fora para um universo paralelo, o sangue a respingar e pintar a sala parece não mais afetá-la.  Acooooooooorda mulher!! Volta para esse mundo!!E do nada se escuta: - Pronto, conseguimos. Ufa!

      A vontade que deu em todos na hora talvez fosse apenas uma: Pessoal, juntemos as mãos e oremos pelas pinças que estão a nos ajudar!! OOhhh glória!!!

      Estava cansado e ainda tenso da situação, com o ombro acabado, olhei para a Dra. Dadá e    perguntei se ela  poderia continuar, mas quem consegue depois de tudo isso?

       Eis que chega uma anja e pergunta se pode ajudar e continua a cirurgia, era a Dra TICIanja.
    Eu e Dra. TICIanja percebemos o quão o trabalho seria árduo, pois eram muitos vasos  sanguíneos a serem suturados.

      Quase conjugamos o verbo suturar em todos os tempos verbais. Era muita sutura. Acabamos com o estoque de fios cirúrgicos do laboratório. Parece engraçado, mas não é; pois a cirurgia durou 3 horas e uns quebrados... E depois de inúmeras suturas de vasos, conseguimos chegar aos ovários e a Dra TICIanja, de forma graciosa terminara a cirurgia.


   Desculpem-me, mas a imagem do sangue jorrando me causou falência momentânea dos neurônios terminada a cirurgia, fechamos a incisão, 3 planos cirúrgicos como manda o figurino e a cadela Branquinha passa pelo primeiro sufoco e esperamos que seja o único em sua vida."


        Branquinha ao final da cirurgia

      


     Branquinha se recuperando durante a madrugada na casa do Dr. Jr. Jr.

    Pois é, em vários momentos dessa cirurgia eu pensei: CORRE, CHAMA O VETERINÁRIO!!!Apesar de saber que na sala haviam 3 naquele momento de maior desespero!Há quem não nos valorize ainda. Depois desse dia pode ter certeza de que não vou mais achar tão caro e dispensáveis certos procedimentos. O proprietário deixa o seu animal para uma cirurgia e o recebe saltitante e vivo. Nem imagina o quão possa complicar e os cirurgiões estão ali fazendo até o impossível, recebendo quiçá ajuda divina para salvar a vida desses nossos tão amados bichanos.